É possível usar resíduos da construção civil na recuperação de áreas degradadas, reporta Edenilso Rossi Arnaldi

O fundador e presidente da Sial Engenharia Edenilso Rossi Arnaldi já falou por aqui, em outra ocasião, sobre o como fazer o gerenciamento correto de resíduos da construção civil — baseado na resolução N° 307, de 7 de julho de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Desta vez, o empresário do ramo da construção reporta uma pesquisa na qual esses resíduos foram reaproveitados para a recuperação de áreas degradadas, ajudando no crescimento de plantas.

O estudo em questão foi desenvolvido pela engenheira agrônoma Thayana Azevedo Lopes, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), conta Edenilso Rossi Arnaldi. De acordo com o que destacou Thayana na pesquisa, “resíduos da construção civil (RCC) são gerados diariamente em grandes quantidades no Brasil e embora possam ser considerados inertes em sua maioria, a reutilização destes ainda é baixa”.

Contudo, “uma alternativa para o reaproveitamento desses resíduos pode ser a utilização na elaboração de Tecnossolos, que são solos que podem ser elaborados ‘sob medida’, com um propósito, através da mistura de vários resíduos”, explicou o estudo. “Os Tecnossolos ‘sob medida’ podem proporcionar condições físicas, químicas e biológicas adequadas para o crescimento de plantas”, acrescentou a pesquisa da engenheira agrônoma.

Edenilso Rossi Arnaldi salienta que os experimentos foram conduzidos durante quatro meses em casa de vegetação — os Tecnossolos foram elaborados com resíduos da construção civil, com e sem a adição de composto orgânico. Conforme o que ressaltou Thayana Azevedo Lopes no estudo, os resultados mostraram que esses Tecnossolos “têm potencial para permitir o crescimento de árvores nativas do Brasil em áreas onde houver perda ou degradação de solo”. Além disso, também ficou evidente que é possível construir solos artificiais a partir de resíduos da construção civil, com qualidade muito parecida ou até superior à de solos naturais.   

Vale lembrar que a resolução N° 307 estabelece como resíduos da construção civil “os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha”.

Segundo o que pontuou o estudo desenvolvido por Thayana Azevedo Lopes, a maior parte dos RCC são compostos, no Brasil, por tijolos, blocos cerâmicos, argamassa, concreto e solos. Ainda, uma menor quantidade pode conter outros materiais como brita, gesso, vidro, madeira, plástico, papel e papelão, reproduz Edenilso Rossi Arnaldi.

A pesquisa ainda reforçou que os RCC são um grave problema em muitas cidades não só brasileiras como do mundo todo, visto que a disposição irregular deles resulta em problemas de ordem ambiental, estética e de saúde pública — além disso, eles também podem sobrecarregar os sistemas municipais de limpeza pública. “Estima-se que no Brasil são coletados mais de 45 milhões de toneladas de RCC por ano, resultando cerca de 0,60kg de RCC/habitante por dia”, completou o estudo.

Confira, na íntegra, a pesquisa da engenheira agrônoma Thayana Azevedo Lopes.