O bom desempenho da Construção Civil em 2020, em meio à ainda atual pandemia do novo coronavírus (causador da Covid-19), tem chamado a atenção do País. No final de fevereiro, dia 26, por exemplo, o setor virou assunto do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Na ocasião, o canal de informação da entidade chamou a atenção para três fatos em específico: a baixa digitalização da Construção Civil; a estabilidade no faturamento da área em tempos de crise; e, da mesma forma, o saldo de empregos gerados em um ano de pandemia, reporta o empresário do ramo da construção, Edenilso Rossi Arnaldi, que também é o fundador e presidente da Sial Engenharia.
Segundo o que pontuou a Agência Sebrae de Notícias (ASN), apenas 62% das empresas do setor da Construção Civil vendem por meio do ambiente online (redes sociais, aplicativos e internet no geral) — isso de acordo com a 9ª edição da pesquisa “O Impacto da Pandemia de Coronavírus no Pequenos Negócios”, produzida pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O percentual é um pouco abaixo da média geral registrada pelos pequenos negócios, que é de 70%.
Edenilso Rossi Arnaldi salienta que, segundo o Sebrae, a digitalização das micro e pequenas empresas foi um ponto crucial para a economia do País em 2020 — todavia, mesmo com a baixa adesão da Construção civil nesse sentido, o setor ainda se saiu bem.
“O setor da construção foi um dos cinco segmentos que menos apresentaram queda de faturamento (30%). No mesmo sentido, o estudo do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados] de 2020, demonstrou que a Construção Civil foi o setor que fechou o ano com o maior saldo de empregos gerados: 136,5 mil empregos, o que representa 46,6% do total de vagas criadas pelas micro e pequenas empresas no ano passado”, frisou a ASN.
Mas, como explicar esse fenômeno?
De acordo com o que explicou o analista de Competitividade do Sebrae, Enio Queijada, o bom desempenho da Construção Civil em um ano de crise mundial da saúde e, por consequência, da economia, deu-se especialmente: por conta do déficit habitacional de oito milhões de domicílios no País; e pelo fato de que muitas pessoas mudaram de residência em 2020.
Para esse segundo ponto, os motivos vão desde a busca por um lugar mais espaçoso — visto que, como lembra Edenilso Rossi Arnaldi, as pessoas passaram a ficar muito mais tempo em casa — até a necessidade de adequar as despesas a atual realidade do orçamento familiar.
“O protagonismo da casa gerado pelo ‘não saia na rua’ e o home office geraram esse foco na moradia: melhorias, pequenas reformas, benfeitorias etc., visando deixar a casa aparelhada também para o trabalho e também para o EAD [Educação à Distância] onde há estudantes”, esclareceu Queijada.
Ainda segundo o analista do Sebrae, outro fator que contribuiu para o bom desempenho da Construção Civil em meio à crise gerada pela Covid-19 foi o fato de o setor, no final de abril de 2020, passar a ser considerado como atividade essencial — “com isso, acabou sendo menos afetado pelas medidas restritivas de fechamento do comércio”, completou Enio Queijada.